Victor Kraide Corte Real

Susana Toledo

ST-COMO PUBLICITÁRIO, O QUE ACHA DA RIVALIDADE ENTRE PUBLICITÁRIOS E JORNALISTAS?

VCR: Acho uma grande bobagem, pois são profissionais extremamente dependentes um do outro. Essa história de "rivalidade" acontece muito mais dentro das faculdades, entre os alunos de cada curso, do que na prática profissional. No dia-a-dia acontecem alguns conflitos e disputas de interesse que são normais entre os profissionais dessas, mas não vejo como uma situação de rivalidade.

ST- PROFISSÃO DE JORNALISTA: O QUE ACHA DA POLÊMICA SOBRE A NOVA LEI?

VCR: Bastante polêmico esse assunto não é?! Sinceramente defendo a formação universitária como sendo o melhor caminho para a formação plena de um bom profissional. Mas quem define e escolhe os bons profissionais é o próprio mercado, tendo eles diploma ou não.

Não gosto como essa não obrigatoriedade do diploma de jornalista foi imposta pela justiça, mas na prática o diploma continua existindo e sabemos que a maioria das empresas valorizada isso e procura empregar pessoas com formação superior. Então acredito que vamos passar ainda por um tempo de adaptação com essa questão, mas a formação profissional como jornalista continuará sendo importante, necessária e aprovada pela sociedade.

ST-DEPOIS DE MÉDICOS PUBLICITÁRIOS E JORNALISTAS SÃO OS MAIS COBRADOS ETICAMENTE EM SUAS PROFISSÕES;
VOCÊ JÁ DISSE NÃO A ALGUM CLIENTE POR ACHAR A PEÇA PUBLICITÁRIA ANTI ÉTICA?

VCR: Advogados, engenheiros e outras profissões também são bastante cobrados nesse sentido. Cada área tem suas características próprias, com relação a ética algumas ficam mais evidentes que outras.
Eu, particularmente, nunca passei por qualquer tipo de situação desse tipo com os clientes que atendo ou que já atendi. Uma coisa que acho fundamental, na verdade considero uma obrigação dos publicitários, é oferecer nossos serviços de maneira filantrópica às entidades sem fins lucrativos, aos projetos assistenciais, enfim, todos os segmentos sociais importantes que precisam trabalhar a comunicação mas não tem verba para isso. Penso que essa é uma maneira de contribuir efetivamente para um mundo melhor e de repente amenizar possíveis atitudes que muitas vezes são vistas como anti-éticas.

ST-OS ANTROPÓLOGOS E SOCIÓLOGOS MENCIONAM QUE: A ÉTICA ANDA ELÁSTICA NA FAMILIA, RELIGIÃO, POLÍTICA , ENFIM, NA SOCIEDADE EM GERAL. COMO AS AGÊNCIAS DE PUBLICIDADE ESTÁ LIDANDO COM ESSA FLEXIBILIDADE MORAL EXAGERADA?

VCR: Pois é, quando a gente relaciona a publicitária com o "agir ou ser criativo" algumas coisas, algumas "liberdades criativas", acabam ficam meio exageradas mesmo. Existem limites que são basicamente norteados pelo bom senso.

ST-VOCÊ É PROFESSOR. SER PUBLICITÁRIO DÁ DINAMISMO AS SUAS AULAS?

VCR: Sem dúvida! A troca é muito rica, nos dois sentidos. Tanto daquilo que vivo no mercado e levo para as aulas, como o retorno que recebo dos alunos e aplico de volta na atuação como publicitário.

ST-VOCÊ É LIGADO A ARTES PLÁSTICAS, LITERATURA, O PUBLICITÁRIO É COMO O JORNALISTA QUE PRECISA DE TEXTO?

VCR: Não existe publicidade sem texto! Essa é minha opinião e tenho certeza que não é todo mundo que concorda. Mas enfim, acabamos chegando numa fase que aparentemente qualquer campanha publicitária é resolvida com tecnologia, tratamento de imagem, etc etc etc... mas não é possível ficarmos apoiados na forma se não tiver conteúdo, e conteúdo está diretamente relacionado com bons textos, boas construções literárias, repertório intelectual.

ST-ONDE O PUBLICITÁRIO DE HOJE ENCONTRA O INÉDITO PARA SUA PEÇA PUBLICITÁRIA?

VCR: Conhecendo muito de seu público. Deixando o computador um pouco de lado e colocando a cara na rua. Vendo o que as pessoas estão conversando no ponto-de-ônibus, os hábitos dentro de um supermercado. Criamos para as pessoas, então é necessário entendê-las para conseguir criar novas maneiras de dizer coisas que nem sempre são tão novas.

ST-A TECNOLOGIA ENGESSOU A CRIATIVIDADE DO PUBLICITÁRIO?

VCR: Isso é o que mencionei anteriormente. Muitos garotos acham que sabendo trabalhar bem com os softwares a coisa está resolvida. Mas não é bem por aí. A tecnologia é um suporte muito valioso, mas deve ser usada depois que o processo criativo aconteceu dentro da cabeça, na etapa de finalização e não de criação. Bancos de imagens, pesquisa na internet são muito úteis e fundamentais, mas o processo criativo é que deve recorrer a tecnologia para finalizar uma ideia, e não o contrário.

ST-COM A WEB O OUT DOOR AINDA LHE ENCANTA?

VCR: Adoro mídia exterior de maneira geral, as possibilidades de surpreender e gerar repercussão através do outdoor são enormes. Mas precisamos de critéria, poluição visual é um sério problema, e isso tem acontecido inclusive na web. O bom gosto deve imperar, tanto on line como off line.

ST-A INTERNET COM SEU APARATO TECNOLÓGICO FAZ COM QUE QUALQUER PESSOA POSSA CRIAR, ISSO ASSUSTA AS AGÊNCIAS DE PUBLICIDADE?

VCR: Como disse antes, a internet é uma forte aliada. Temos visto cada vez mais o próprio público criar seu conteúdo e ditar os formatos, canais, horários e todas as outras possibilidade que desejam receber a informação. Os publicitários precisam ainda aprender a lidar com essa realidade.

ST-QUAL PEÇA PUBLICITÁRIA GOSTARIA DE FAZER PARA QUE O MUNDO VISSE?

VCR: Boa pergunta, rs. Gostaria muito de criar uma peça capaz de trazer mais paz e tranquilidade para o mundo, a fim de que as pessoas convivessem de maneira mais harmoniosa, entendendo e respeitando as diferenças, procurando minimizar as desigualdades sociais e econômicas.

ST- VICTOR CORTE REAL, ESSE ESPAÇO É PARA SUAS CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Agradeço muito o convite para essa entrevista, espero ter contribuído e desejo muito sucesso, garra e força a os publicitários, jornalistas e simpatizantes em geral da comunicação social. Valeu.

Atualmente trabalha como Mídia e Diretor de Projetos da agência Clic Interativa, localizada na cidade de Limeira/SP, leciona no curso de Publicidade do ISCA Faculdades (também em Limeira) e na PUC Campinas. Participa do site e da revista www.vidauniversitaria.com.br e percorre o país avaliando cursos de Publicidade pelo Ministério da Educação.