Como escrever, sait ou saite, show ou xou?
O mundo além de globalizado está conectado, é natural que as culturas interajam e que tudo no mundo viva em metamorfose: na cultura, nas artes, na linguagem, como sempre foi, desde a linguagem gutural expressada nas cavernas, passando pelos cobradores de impostos que semearam seu latim ao balanço das caravelas e as constatações de Marco Pólo. O rítimo de hoje é o da internet ou seria certo escrever interenete?
O português escrito e falado no Brasil já defende alguns estudiosos, é o “Brasileiro”, que é mais rico e versátil do que o português de Portugal que não sofreu tantas influências de outros povos e por tanto de outras línguas como o do Brasil.
Palavras estrangeiras (aportuguesadas)
Abajur (do francês) – quebra-luz
Basquetebol (do inglês) – jogo ao cesto.
Batom (do fr.) – lápis para pintar os lábios
Blecaute (do inglês) – escurecimento
Boate (do fr.) – casa noturna
Bói (do inglês) – garoto de recado, contínuo.
CD (do inglês) – compact disc – coletânea de músicas gravadas num disco.
Clichê (do fr.) - fotogravura
Clipe (do inglês) – grampo para prender papéis
Comitê (do fr.) – comissão, delegação
Complô (do fr.) – conspiração
Conhaque (do fr.) – aguardente de vinho
Coquetel (do fr.) – mistura de várias bebidas alcoólicas
Estresse (do inglês) – cansaço
Menu (do fr.) – cardápio.
Metrô (do fr.) – abreviatura de metropolitano. Estrada de ferro subterrânea e urbana
Náilon (do inglês) – fibra têxtil sintética
Omelete (do fr.) – fritada de ovos. Palavra do gênero feminino
Suéter (do inglês) - agasalho fechado
Sutiã (do fr.) – peça feminina para apoiar os seios
(Do livro O português nosso de cada dia Vicente de Paulo Sampaio e Rosimir Espíndola Sampaio Editora LTR, São Paulo, 2003.)
A influência estrangeira não tem nada a ver com estrangeirismo. Sem querer ser purista, mas já existem palavras que foram aportuguesadas como: O brasileiro não as usa e ainda quer introduzir novas palavras estrangeiras, isso pode ser visto nas placas de rua, nas vitrines das lojas e no linguajar especialmente dos jovens usuários de internet.
A Professora Sueli Aduan, que ministra oficinas de “Tendências Literárias Contemporâneas” há 11 anos na região de Sorocaba pela Oficina Cultural Grande Otelo(OC), em sua passagem por Salto para Ministrar a Oficina pela Secretaria de Cultura, comentou sobre o uso desregrado da língua estrangeira em nosso dia-a-dia. Sueli deu aulas 33 anos para crianças e adolescentes.
Sueli ao lado dos alunos: Almir e Rose durante a oficina
“Eu não dou aulas em escolas há três anos, para crianças e adolescentes, na idade em que se aprende os valores de nossa língua, mas a oficina me botou em contato com os adultos, e percebo que o brasileiro é cobrado pela sociedade a ter opinião para tudo, até mesmo sobre o que não tem conhecimento, para o que não tem formação para opinar. É praticamente proibido se dizer: “ eu não sei”, “me explique” “ o que significa tal termo” já dizia o sábio Sócrates:”Tudo o que sei é que nada sei”. Por isso era sábio.
Vi o professor Pasquale, dando uma explicação bastante importante, onde alguém criticava outra pessoa por te usado numa roda de amigos o termo -desconcordo- , e o professor para a surpresa de muitos afirmou ser correto o seu uso para determinar a não concordância de algo ou com algo tanto quanto o termo discordo mais usado, mas invés de se informar as pessoas logo querem esticar o dedo em críticas”
A professora cita Saramago que não deixou que alteressem seus escritos ao públicá-los mantendo as palavras originais como “Actos” em vez de ato entre outros. A educadora ainda salienta que os intelectuais são os mais simples os que não fazem uso de palavras estrangeiras na sua fala coloquial, só as usa nos casos acadêmicos inerentes ao exercícios de sua profissão. Já o brasileiro médio para se impor e tentar demonstrar uma “intelectualidade” planta entre um erro e outro de português um, “Sorry”, “Well” e até mesmo a imprensa que tem o dever de ser clara, e só se é clara ao falar na língua corrente do pais, em jornais de circulação nacional como a Folha, o Estadão lê-se palavras como E na TV, no rádio e na internete também.
A escritora confessa: “ não sou radical, mesmo com essa nova regras da gramática eu não me familiarizei muito, e também acredito que ninguém precisa ficar dizendo -apague aquela carta eletrônica- quando pode dizer apague aquele e-mail, acho natural algumas coisas isso sim sem exageros”
Não creio que seja por falta de identidade que o brasileiro faz uso de palavras emprestadas de outras línguas para se expressar, isso já vem desde o tempo do colonialismo, do imperialismo, onde tudo tinha que vir de fora porque numa terra nova tudo tem que se importar, então isso está muito enraizado em nós até mesmo nas pequenas coisas do nosso cotidiano como botar as melhores pratarias, as melhores toalhas para as visitas fazer vassalagem para os que vem de fora, ele é o mais bonito o mais importante, o que tem que ser mais bem tratado.
A “Semana de 22” foi o primeiro ato de romper com isso de exorcizar nossa cultura, nossa língua dos que vinha da Europa, queria se valorizar o que era nativo, o que era nosso a cultura nacional. Mas pelo visto estamos sempre submissos ao poder econômico que ainda existe no imperialismo Americano que nos “impõe” muita coisa, e o jovem é o principal propagador do estrangeirismo levando a linguagem da internet para as gírias e junto com as músicas que ouvem na maioria internacionais, acabam trazendo ao papo informal. Afirma Sueli.
A escritora cita os franceses tão patriotas e conservadores da língua, recebem com muito entusiasmo a música brasileira, como o Choro. “Certamente no Brasil, preferimos Vivaldi, Bach, Bethoveen, e classificamos o Chorinho como de segunda classe ”. Desabafa a Professora. O tema linguagem é mesmo polêmico, mas prefiro ficar com o meio termo nada radical, tem palavras que são de domínio universal, como: taxi, pizza, e-mail, internet, twttar, entre outras, mas em Portugal saite é sítio e ponto final.
Como já diz o ditado o brasileiro não desiste nunca, então vamos usar esse lema para não desistir de preservar nossa língua, que é um patrimônio maravilhoso rico ímpar que temos que nos orgulhar mais. finaliza a professora.
No livro Dramática da língua portuguesa
Marcos Bagno mencionar
Trecho do livro de Eça de Queiroz (in "A Correspondência de Fradique Mendes", 2ª. ed. Porto, 1902. pág. 142)
Um exemplo de Purista da língua
Um homem só deve falar, com impecável segurança e pureza, a língua da sua terra: todas as outras as deve falar mal, orgulhosamente mal, com aquele acento chato e falso que denuncia logo o estrangeiro.
Na língua verdadeiramente reside á nacionalidade; e quem for possuindo com crescente perfeição os idiomas da Europa, vai gradualmente sofrendo uma desnacionalização. Não há já para ele o especial e exclusivo encanto da fala materna com as suas influências afetiva, que o envolvem, o isolam das outras raças; e o cosmopolitismo do Verbo irremediavelmente lhe dá o cosmopolitismo do caráter. Por isso o poliglota nunca é patriota. Com cada idioma alheio que assimila introduzem-se-lhe no organismo moral modos alheios de pensar, modos alheios de sentir. O seu patriotismo desaparece, diluído em estrangeirismo...
Além disso, o propósito de pronunciar com perfeição línguas estrangeiras constitui uma lamentável sabujice para com o estrangeiro. Há aí, diante dele, como o desejo servil de não sermos nós mesmos, de nos fundirmos nele, no que ele tem de mais seu, de mais próprio - o Vocábulo. Ora isto é uma abdicação da dignidade nacional.
Não, minha Senhora! Falemos nobremente mal, patrioticamente mal, as línguas dos outros! ...
Purismo linguístico
é a ideologia que diz que os idiomas devem ser protegidos de línguas "mais fortes", sendo uma idéia relacionada ao nacionalismo.
"Estrangeirismo"
"estrangeirismo" significa palavra ou expressão de outras línguas, empregada na língua portuguesa. A grande maioria das palavras de nossa língua tem origem latina, grega, árabe, espanhola, italiana, francesa, inglesa. Essas palavras são introduzidas pelos mais variados motivos, sejam eles fatores históricos, sócio-culturais e políticos, modismo ou até mesmo avanços tecnológicos.
O que pensam outros estudiosos da língua sobre o uso das palavras estrangeiras
Sérgio Nogueira
"Sem querer ser purista, devemos defender a Língua Portuguesa. Não há necessidade alguma de usarmos palavras como startar ou mesmo estartar. Por que não iniciar, começar ou principiar? Outra palavra muito em moda é paper. Além de mal traduzido, ainda está sendo usado num sentido muito amplo. Tudo virou paper. Quando me pedem um paper, nunca sei se é um relatório, um fax, uma carta ou uma proposta. Só falta opaper higiênico.
existem alguns estrangeirismos inevitáveis.Software e marketing, por exemplo, são palavras consagradas entre nós, até podemos escrevê-las sem aspas. Algumas palavras suscitam polêmica, como é o caso de deletar e acessar, que, na minha opinião, são restritas à área de informática. É possível afirmar que o Presidente teve acesso à tribuna de honra, mas jamais afirmaria que ele acessou a tribuna de honra (o verbo acessar não tem o sentido genérico de “ter acesso”).
Há estrangeirismos cujas traduções são questionáveis ou “não pegam”. impeachment são exemplos disso.No impeachment do Collor, nós bem que tentamos usar o impedimento. Mas não deu. Na época, eu tive a sensação de que impedimento era pouco, o que se queria mesmo era impeachment. Parece brincadeira, mas não é. Há palavras estrangeiras cujas
traduções não têm o “mesmo peso”.
Sérgio Nogueira Duarte da Silva
É formado em letras pela UFRGS, e mestrado em Língua Portuguesa pela PUC-Rio, .Atualmente, é instrutor e consultor de português do jornalismo da TV Globo
Professor Pasquale
Em tese, não é contrário ao estrangeirismo desde que seja uma novidade e venha preencher uma lacuna, um termo que falte na língua. O que o incomoda é o estrangeirismo usado de forma tola, para manifestação de poder mostrar "erudição" Usa-se o estrangeirismo só a título de tolice, Esse tipo de estrangeirismo tem de ser ridicularizado, enfatiza o professor.O cidadão que diz na TV que tivemos um pequeno "delay, na transmissão", por exemplo, é um imbecil. O telespectador não entende o que é um pequeno "delay". "approach da curva" repetido em narrações da corrida de Fórmula 1. O que é o "approach" da curva? as pessoas não entendem é tonto.A incorporação de termos faz parte do processo evolutivo da língua, isso é normal em qualquer idioma do mundo. Na prática, não existem línguas puras, Todas as línguas sofreram influências de outras, com trocas e penetrações. No tempo do império romano era chique saber grego, era a língua da cultura clássica. Existe um abuso. Na Barra da Tijuca (RJ) há uma espécie de mini Miami. Lá, o povo adotou uma espécie de "maiamês way of life". Chegaram até a colocar uma estátua da liberdade em exposição (fora de lugar porque, que eu saiba, ela não fica em Miami). Essa importação de cultura descontrolada, de ideologia, de modo de vida, é fruto de um estágio mental inferior.
E depois, na Copa do Mundo, essas mesmas pessoas balançam a bandeira do Brasil e dizem que são brasileiras. Na verdade, elas não têm idéia do que seja o Brasil e não conhecem nada da cultura local.O limite é o bom senso ele não tem medida. é o uso natural, espontâneo em qualquer língua do mundo.
O exagero está na loja que escreve numa tabuleta "sale" ou "50% off". Eu não entro numa loja dessas não porque sou professor de português, mas porque minha inteligência é ofendida.nos anos 20, 30 do francês. No Rio de Janeiro, por exemplo, as famílias chiques - chique é uma palavra francesa - só falavam em português com os criados. A comunicação entre as pessoas da família era feita em francês, o português era língua para se falar com peão. Incorporamos muitos termos como: gripe, camelô, garagem, vitrine e não aconteceu nada, não houve abalo, a estrutura da língua foi mantida.
O povo lê muito pouco, as escolas não funcionam bem e as pessoas não tem amor à tradição cultural. Para preservar a língua é preciso instituir um sistema educacional que fortaleça isso. Quantos brasileiros já leram Machado de Assis? Guimarães Rosa? Graciliano Ramos? São poucas pessoas que tem acesso a uma educação de qualidade. como segunda língua o inglês realmente reine. No mundo ocidental sim, no oriental não. Na China, por exemplo, há um bilhão de pessoas que não falam inglês. Mas que o inglês domina como língua universal numa parte do mundo, isso é inegável. Daí a supor que as línguas venham a morrer, é uma outra história, totalmente diferente. Na Itália, em cidades pequenas, mas ao mesmo tempo modernas, as pessoas continuam falando o dialeto local, que é conhecidíssimo. As pessoas são bilíngües, falam o italiano e o dialeto local, e vai tudo bem, obrigado.
Pasquale Cipro Neto
nascido em Guaratinguetá e formado em letras pela USP atual apresentador de TV Cultura SP
A abordagem do tema serve para reflexões, num país onde o povo não tem acesso a cultura no sentido de cidadania e nacionalidade onde se utiliza a internet para jogos e rede sociais fica difícil desejar que se tenha respeito á língua quando o próprio IBGE abre uma página aos jovens como “IBGE Teen”.O IBG cita que em 2008, 82,2% dos brasileiros usavam a internete para rede sociais e não para estudos e pesquisas. Fica claro o quanto nossa língua é estrangeira para a maioria dos brasileiros.
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