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| Zeka Perez ao lado do Pai Tinoco(falecido recentemente aos 91 anos) | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | | |
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Estou editando um livro sobre Cultura Caipira. Tenho feito muitas entrevistas para preencher suas páginas. A cada entrevista é uma nova amizade que faço. Um dos primeiros nomes que nos vem ao nos referirmos à moda de viola é da dupla Tonico & Tinoco. Já estava me acostumando com a ideia, de acrescentar pesquisas feitas em livros, ou na internet ao capítulo que se referisse a dupla. Uma pessoa, dessas que aparecem como fadas madrinhas na vida da gente, e tornam-se nossa amiga. Zélia, apresentadora do Programa Viola de Ouro (Uberlândia/Goiânia – TV), me adicionou nas redes sociais, enfim, me apresentou a José Carlos Perillo Perez, o Zéka Perez, filho de Tinoco.
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Zéka começou aos nove anos como porteiro de circo, dos espetáculos do pai e do tio. Aos 18 anos era divulgador, na Gravadora Chantecler/Continental. Em 1982 trabalhou como Produtor do Beto Carreiro nas Rádios Globo e Record de São Paulo. Em 87 trona-se empresário e produtor de Tonico e Tinoco. Levou a dupla para a Rádio Record de São Paulo. Em 88 assinou contrato com o SBT. O Programa Tonico e Tinoco fez parte da grade sertaneja da emissora durante dois anos. Participou da Produção e Direção dos LPs, CDs e DVDs de Tonico e Tinoco, Tinoco e Zé Paulo, Tinoco e Tinoquinho, Tinoco e Gentil Rossi, Tinoco e Mazinho Quevedo e três CDs solos do Tinoco. Além de Produtor, também é autor de várias gravações de Tonico e Tinoco, Tinoco e Tinoquinho e Tinoco Solo. Ele é o nosso entrevistado, uma entrevista com riqueza de detalhes acompanhem.
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Com pai e tio ligados a música caipira, Zeka fala das lembranças da infância ligada à moda de viola, e de seu ecletismo musical.
Zeka – Na minha infância lembro das viagens e shows em circos. Desde os nove anos trabalhei com meu Pai e meu Tio como Porteiro de Circo. No final do espetáculo acertava a conta com o Dono do Circo e meu Pai. Lembro-me dos Dramas que apresentavam tudo era singelo e mágico ao mesmo tempo. Sempre gostei de música caipira, mas aprendi também a conhecer outros gêneros. MPB, Cantores e Bandas Internacionais e isso me construiu musicalmente. Aprendi a ouvir de tudo, e a selecionar o que tem de melhor em cada categoria. O próprio Tinoco gostava de Frank Sinatra, Roberto Carlos, Raul Seixas, Roberto Leal e tantos outros em diferentes gêneros musicais. Herdei essa diversidade musical, até porque meu trabalho sempre foi ligado a musica. E música é Universal.
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Sobre as mudanças que a música caipira desde a época de Cornélio Pires, Tonico & Tinoco, aos dias de hoje, e qual caminhos ainda ela pode percorrer, o filho de Tinoco acrescenta.
Zeka - Na minha opinião, a música caipira é a mesma ainda. A sua mensagem, seus ritmos e acima de tudo a essência que fala da vida no campo. O que mudou foi à tecnologia em que é feita hoje. Os recursos nos estúdios, nos shows e ate a instrumentação. Gostaria que os produtores de hoje pesquisassem mais, pois a musica caipira não está resumida só entre: Chico Mineiro, Amargurado, Saudade de Minha Terra e Cuitelinho. Temos Obras de Jose Fortuna, Cornélio Pires, Raul Torres, Tonico, Mario Zan, Zacarias Mourão, Jose Caetano Erba, Adalto dos Santos e Anacleto Rosas Junior entre tantos. Essa moçada do Universitário pode resgatar esses sucessos. O lado comercial é a sobrevivência das gravadoras. Hoje a nossa Cultura está firmada neste ponto. A música caipira sobrevive fora deste mercado. Hoje em cada cidade brasileira existe uma dupla caipira, um violeiro jovem, radialistas dedicados somente ao publico que curtem esse estilo de música. Na minha opinião, a música caipira independe de qualquer influência. Ao contrário, muitas duplas hoje ganham dinheiro em cima da Moda de Viola.
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A cultura caipira é muito rica, muita moda de viola (violeiro dos “bão”), culinária típica, muito “causo”, e muita literatura, Perez cita sua preferência literária.
Zeka – O Livro “Da Beira da Tuia ao Teatro Municipal” da Rosa Nepomuceno, onde ela retrata da chegada da viola no Brasil, as influencias, chega ate Cornélio Pires e Tonico e Tinoco. Uma leitura impar. Li outras publicações, e para minha sorte conheci e convivi com grandes nomes da nossa música caipira. Violeiros é o que não falta, conheço Muitos. Renato de Andrade, Tião Carreiro, Tião do Carro, Bambico (músico de estúdio) e atualmente Mazinho Quevedo. A Viola deveria estar inserida na Bandeira Brasileira.
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O produtor fala sobre a cidade de Salto, e dá sua opinião sobre o Agronegócio, e Rodeios, que são fortes tem poder econômico, mas não aposta (investe), na moda de viola não a inserindo na mídia, tanto quanto o sertanejo universitário pop.
Zeka – Sim. Conheço a cidade de Salto/SP. Trabalhei com Tonico e Tinoco e com o Tinoco solo também. Esta situada na região que nasceu a musica caipira. Aqui temos um grande publico só que não é atendido pelas gravadoras e mídia em geral. Quanto ao público fora do Brasil que buscam a nossa cultura tenho um exemplo disso: mantenho um Programa na Internet chamado Ser…Tão Brasil (www.tinocodobrasil.com.br), onde atingimos 40.000 acessos/mês. 55% dos acessos são internautas de outros Países com: França, Rússia, Portugal e Canadá. Fico muito feliz com essa interação, mas o público brasileiro também está aprendendo a buscar a nossa cultura. A música Raiz é rica. Ela atravessa décadas e décadas com a mesma origem. Conta basicamente a história do povo brasileiro, que hoje mesmo na cidade tem sua historia enraizada na roça.
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O compositor nos revela seu lado de contador de “causos”.
Zeka – Tem a estória de um Arraial que ficou muito tempo sem chuva. O povo já não sabia mais o que fazer. O gado estava morrendo de sede, as plantações precisando de água e os próprios lavradores e suas famílias passando por necessidade. O padre do Arraial sugeriu na Missa de domingo: a próxima semana faremos uma Missa pedindo chuva. No dia marcado a Igrejinha lotada e o Padre começou a andar entre os fieis. Quando chegou no altar o Padre avisou:
- a Missa da Chuva está cancelada! O povo indignado queria saber a razão e o Padre respondeu:
- ninguém trouxe guarda chuva. Povo de pouca Fé.
Sempre se cogita, tornar obrigatório aula de música nas escolas, você acredita que nos livros didáticos falta mais sobre a história do caipira, da moda de viola e seus “causos”.
Zeka – Tenho filhos pré-adolescentes, e por incrível que pareça às escolas até colocam letras de músicas brasileiras, e entre elas as caipiras. Realmente é pouco, mas já é uma nova esperança para nós que vivemos de Cultura no Brasil.
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Continua o produtor e ameniza a polêmica defendida por alguns estudiosos sobre o lado preconceituoso para com o caipira de Monteiro Lobato.
Zeka – Monteiro Lobato, Tonico e Tinoco e Mazzaropi foram utilizados para trazerem o povo da roça para a cidade grande. Não acredito que as histórias de Monteiro Lobato tenham envergonhado alguém que vivia na roça aquela época. Pois a vida no campo era exatamente como ele descreveu no Sítio do Pica pau Amarelo. Além de Escritor, Monteiro Lobato foi um Grande Brasileiro que contribuiu para o nosso desenvolvimento na década de 50. A musica caipira está no mais alto patamar, e ninguém tira de seu alto. Faz parte de cada um de nós. Hoje estudantes de faculdades pesquisam e até chegam a fazer trabalhos de final de ano (TCCs), sobre a nossa cultura. A Internet muito tem ajudado, são inúmeros os sites que falam e retratam o nosso povo.
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Zeka ressalta um dos momentos que gostaria de ver mais divulgado sobre a carreira de seu pai e do tio Tonico & Tinoco.
Zeka – A primeira vez que Frank Sinatra veio ao Brasil e queria conhecer Tonico e Tinoco. O encontro não aconteceu porque a dupla só ficou sabendo depois que Frank Sinatra tinha voltado aos Estados Unidos.
Sobre a nova safra de compositores, o apresentador diz estar confiante na nova safra que surge. Enquanto existir Terra a Moda Caipira não morre, afirma ele. Espera que os 100 anos de Mazzaropi desperte mais a consciência sobre o valor da cultura caipira, do que foi na comemoração do centenário de Cornélio Pires. O Brasil é caipira, quando vamos assumir isso com orgulho? Questiona. E finaliza prestando uma homenagem aos radialistas.
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A grande força da Música Caipira foi e continua sendo o Rádio. Todas emissoras mantinham suas duplas e apresentadores. Devem sempre ser lembrados comunicadores como: Nhô Zé, Edgar de Souza, Carlos Alberto, Carlito Martins, Nascim Filho, Zé Bettio, Jose Russo, Jose Rosa, Capitão Barduino e tantos outros, que difundiram a nossa música cabocla. E essa moçada que por ai continua despertando muita gente pelo interior, e até grandes capitais como um despertador, que acorda o caboclo da cidade com muita moda de viola, essa gente merece ser sempre lembrada pelos artistas, o rádio mudou como tudo evolui e muda, mas ainda continua sendo o rádio o maior divulgador da música no Brasil. De todos os gêneros em especial a moda de viola.
Jose Carlos Perillo Perez, nascido em 22 de outubro de 1959 na cidade de São Paulo, filho de Tinoco e Nadir.
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SER TÃO BRASIL
O Programa Ser…Tão Brasil com Tinoco e Zeka (Agora só com o Zeka), traz o resgate da Música Raiz através de um dos seus percussores, o Cantor Tinoco ( da dupla Tonico e Tinoco). historias de 76 anos de carreira, apresenta seus sucessos (imagens de apresentação de Tonico e Tinoco) Zeka apresenta as matérias externas. Ainda não faltam matérias relativas à agricultura e os shows. O Programa Ser…Tão Brasil é uma produção da Frontv. Alem de Guarulhos o Programa é exibido em Toronto/Canadá, Setubal/Portugal e mais emissoras coligadas na web. www.frontv.com.br
